foto: Bruno Espadana

27 fevereiro 2006

#  Não aconteceu, mas podia ter acontecido

De um ayatollah recebi o seguinte e-mail:
O seu post «Coisas menores» termina precisamente com a pergunta: «Ou será uma coisa menor?» Certamente por deficiente domínio da língua portuguesa, fiquei na dúvida: «coisa menor» refere-se ao cartoon, à tesoura ou à mulher? Seja qual for a acepção, a resposta é “Sim”.

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#  Coisas menores

O cartoon do post anterior recordou-me de uma página do livro Mis primeras 80.000 palabras (ed. Media Vaca). Para este sui generis dicionário ilustrado destinado à infância foi pedido a quase 300 ilustradores de diferentes países que ilustrassem uma palavra da sua língua materna e fornecessem a sua definição.

Eis a contribuição de Saad Hajo, ilustradora iraniana:
(c) Saad Hajo / Media Vaca
Será talvez significativo que a palavra ilustrada (Pištgîrîkirdin) queira dizer, em curdo, «Dar apoio moral ou psicológico. Oferecer ajuda. Infundir valor.»? Ou será uma coisa menor?

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23 fevereiro 2006

#  Acho que nos conhecemos de algum lado...

Confesso que só hoje me dei ao trabalho de ir ver os cartoons da discórdia. Conforme escreveu o João Pereira Coutinho há uns tempos, são quase todos de uma pobreza confrangedora: ideia fraca, execução técnica fraca, ou ambos os pecados. Quase que só se safa este:

um dos cartoons dinamarqueses
Mas, aqui, só mesmo a vontade de lançar achas para a fogueira vê no barbudo o profeta Maomé. O cartoon não identifica a personagem — e, havendo um interdito sobre a sua representação, os muçulmanos não podem, simplesmente, reconhecê-lo.

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#  Os limites do interdito

Esta noite, durante uma insónia prolongada, sobreveio-me a dúvida: o interdito islâmico sobre a representação de Maomé depende da “fidedignidade” da representação — ou basta a intenção?

Por exemplo, pergunto-me se isto
Õ
–|–
/\
associado à informação de que se trata de uma representação de Maomé a receber a inspiração divina (versão PC-minimalista) suscitará ou não a ira da rua muçulmana. Ou ainda se isto
 ,     /\ 
(Maomé, ao longe, a caminho da montanha) ditará a exigência de um pedido de desculpas por parte do governo português.

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22 fevereiro 2006

#  Mal posso esperar para ter e ler

Capa de 'O Eduquês em discurso directo'
O 'Eduquês' em Discurso Directo, de Nuno Crato, edição Gradiva.

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18 fevereiro 2006

#  O sonho

Deitou-se e sonhou com um tempo perfeito.

Não havia mais judeus usurpadores. Não havia mais cruzados cristãos opressores. Não havia mais pagãos idólatras. Não havia mais ateus, nem hereges, nem blasfemos, nem ímpios de vária ordem. Tudo era Islão e o Islão era tudo. Tudo o mais se acabara.

Acordou aterrorizado: acabavam-se as desculpas, também.

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#  Esclarecimento

Para que conste, nada tenho que ver com o Fernando Gouveia da Bibá Pitta. De resto, Bibá Pitta mais parece um slogan de alguma associação de avicultores em tempo de gripe das aves.

#  Pérolas

E ainda dizem que não se aprende nada com os programas sobre socialites! Para refutar tão vil opinião, eis uma lição de vida, mercê de Paula Bobone: «Gastar dinheiro sem sentido estético é Degradante, com ‘H’ grande.» Ora, nem mais.

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16 fevereiro 2006

#  Uma questão de princípio

O Presidente da Federação Portuguesa de Futebol desdisse o Seleccionador Nacional: para Scolari, um jogador que vá ao Europeu de Sub-21 não será convocado para o Mundial, mas Gilberto Madail diz que não é bem assim; tal restrição é «apenas uma questão de princípio do Seleccionador Nacional» — ou seja (continua Madail), «em princípio tais jogadores não irão ao Mundial».

Com um tal entendimento de o que é uma «questão de princípio», Gilberto Madail afigura-se como forte candidato a futuro Ministro dos Negócios Estrangeiros.

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#  Sentido de humor

Entre outras coisas, o que falta, manifestamente, ao mundo muçulmano é sentido de humor, em especial quando este é reflexivo, autocrítico. Mas isso, já sabemos, é só mais um sintoma do atraso cultural do Islão. Humor e autocrítica são sinais de sofisticação — algo incompatível com quem chama a tudo o que lhe seja anterior ou alheio «Tempo (e Terra) da Ignorância».

Pintura de Mark Ryden
The Angel of Meat

Pintura de Mark Ryden
Saint Barbie
(ou Barbie-Cova-da-Iria...)


Pintura de Mark Ryden
Dead Characters

Pintura de Mark Ryden

Pintura de Mark Ryden
The Birth of Venus

A quantos séculos de distância está o Islão de um humor como este de Mark Ryden? Pelo calendário deles, estamos em 1426 (Idade Média, portanto) — ainda teremos de esperar.

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#  Apoiemos a Dinamarca e as liberdades ocidentais... agora em português

Ora aqui estão elas:

Apoia a Dinamarca. Defende a Liberdade. Apoia a Dinamarca. Não à burka sobre a Liberdade de Expressão. Apoia a Dinamarca. Nem véu, nem mordaça.
Liberdade de expressão, racionalismo, democracia, individualismo, direitos humanos. Este é o legado do Ocidente. Não desistiremos dele. Não à burka para o Ocidente. Apoia a Dinamarca.
'isegoria' = 'Liberdade de expressão' em grego. Tem tradução para dinamarquês. Até agora. Não à burka para o Ocidente. Apoia a Dinamarca.
Tolerância Zero para a Intolerância. Não pedimos desculpa por sermos livres. Não à burka para o Ocidente. Apoia a Dinamarca.
E para não me ficar só pelas palavras, este ano as minhas sobrinhas recebem Legos no aniversário.

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#  Isto do interdito...

Já se sabia que isto do interdito sobre a representação gráfica de Maomé era não mais do que uma desculpa por parte dos muçulmanos para justificarem o seu ódio (fruto, entre outras coisas, da frustração de se saberem falhados). E qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que, a ser autêntico, o interdito só se aplicaria aos que professam a dita fé (ou ainda, concedamos isso, a todos os que — crentes ou não — habitam os países em que o interdito é lei).

Mas a prova final (não apenas dedutiva ou intuitiva) de que o interdito só é levado a sério quando pode ser usado como arma de arremesso é o seguinte cartoon, criado pelo iraniano Amin Montazeri, no âmbito do concurso internacional de culpabilização dos judeus (olha a novidade!) lançado pelo site irancartoon.com:
Cartoon de Amin Montazeri (Irão)
Truncada ou não, a representação de Maomé está lá. Não se aplica o interdito a Amin Montazeri — ou a sagrada propagação do ódio perdoa outros pecadilhos?

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#  Teste: Descubra o terrorista islâmico que há em si

Cartoon de Valentin Druzhinin
O que o choca/ofende mais: o cinto-bomba ou o batom?

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14 fevereiro 2006

#  E já agora...

Buy Danish - Let Freedom Prevail


Só para terem uma ideia: Lego, Bang & Olufsen, Bodum, Ecco, Dancake, etc. (Podia incluir marcas de cerveja — mas detesto que se beba com espírito de missão...)

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10 fevereiro 2006

#  Cor-de-Rosismo

Leio no Aspirina B:
[...] Para quem gosta de números, apostaria os meus rentes [sic] em como há centenas de milhões de muçulmanos cuja ambição é viverem em paz, conforto e harmonia com o resto do mundo. Quantas centenas de milhões? Vou arriscar uma quantidade: entre 10 a 12.
São pessoas condicionadas pelos poderes políticos, religiosos e culturais. Pessoas cuja voz não se faz ouvir, que talvez nem a si próprias se oiçam. [...]

Que se diga que há milhões de «muçulmanos cuja ambição é viverem em paz, conforto e harmonia com o resto do mundo», aceita-se. Mas cifrarem-se esses “aspirantes à harmonia” em centenas de milhões, e que essas centenas sejam 10 ou 12 — isto é, virtualmente, todos (algo mais que mil milhões) — é lirismo. Ou demagogia.

E afirmar que infelizmente essas centenas de milhões «são pessoas condicionadas pelos poderes políticos, religiosos e culturais» é, uma vez mais, lírico, infantil ou demagógico. Já dizia Ortega y Gasset: «Eu sou eu e a minha circunstância». De facto, os condicionalismos sociais, políticos, religiosos fazem parte de cada um (da sua maneira de ser, pensar e agir); se sou “naturalmente” tolerante*, mas a educação e a sociedade me leva a assumir atitudes intolerantes, então eu não sou de facto tolerante — pois não posso separar o que faço e o que me levam a fazer e defender daquilo que sou!

Finalmente, quando li que «talvez nem a si próprias se oiçam», fiquei com dúvidas se leria a Xis ou a badana de um livro da Pergaminho... Mas parece que não.

* Ai Rousseau, os estragos que ainda fazes!...

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09 fevereiro 2006

#  O óbvio e o omitido

E agora, um comunicado do gabinete do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros:

Escudo portuguêsMinistério dos Negócios Estrangeiros
República Portuguesa
Assim, sim! Porquê deixar as coisas pela metade?

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