foto: Bruno Espadana

29 junho 2009

#  A Origem do Universo — Agoramesmismo

O vídeo que prova que o Universo NÃO foi criado há 15 000 milhões de anos (como afirmam os cientistas), NEM há 6000 anos (como diz na Bíblia).
De facto, o Universo foi criado... agora mesmo!
Espalhem a Boa Nova!!!

Etiquetas: , , , , ,

30 setembro 2008

#  A métrica dos combustíveis fósseis (epílogo)

Reclamar ainda vale a pena: o infografista corrigiu o tamanho do círculo da energia hidroeléctrica. Agora, tudo bate certo.
Infografia: Energia das ondas em Portugal (versão corrigida)

Etiquetas: , , , ,

29 setembro 2008

#  A métrica dos combustíveis fósseis?

O Infografando, blogue convidado do Público, apresenta uma infografia sobre a central de aproveitamento eléctrico da energia das ondas a instalar ao largo da Póvoa de Varzim.

Infografia: Energia das ondas em Portugal
Só gostava de saber que métrica é que o infografista usou para determinar o tamanho relativo dos círculos de «Comparação dos maiores projectos por tipo de energia»...

A comparação deveria ser entre as áreas de cada círculo, mas não foi certamente o que se passou: 1200 MW é menos do dobro de 630 MW, mas a área do círculo daquele é 9,6 vezes maior do que a deste. Por outro lado, 630 MW é 7,5 vezes maior do que 84 MW, mas a relação entre as áreas dos respectivos círculos é inferior a 1,4...

A relação entre as potências instaladas também não se reflecte nos raios dos círculos (o que, ainda que errado, pelo menos teria uma lógica subjacente): para uma relação de 1,9 em potência temos 3,1 em raio do círculo, e para uma relação de 7,5 em potência temos uma relação inferior a 1,2 em raio...

Ora, como sabemos, muitos leitores não olharão para os números, mas para os tamanhos relativos dos círculos. (É exactamente esta constatação que dita a utilidade da infografia...) E o que é que os leitores infografo-dependentes concluirão (erradamente)? Que a central térmica é muitíssimo mais produtiva do que as restantes centrais, hidroeléctrica incluída — donde a energia térmica é e será sempre (ou pelo menos a médio prazo) insubstituível.

Tendo em conta que todas as energias apresentadas, com excepção da térmica, são renováveis, pergunto-me se a métrica utilizada na definição dos tamanhos relativos dos círculos terá sido a métrica do lobby dos combustíveis fósseis...


Nota: Este post teve epílogo...

Etiquetas: , , , ,

23 setembro 2007

#  Riso

(c) reneehiggsSegundo leio no De Rerum Natura, um estudo realizado pela equipa de Paul Crutzen (químico galardoado em 1995 com o Prémio Nobel pelo seu trabalho em química da atmosfera) indica que
[...] utilizar biocombustíveis irá muito provavelmente aumentar em vez de diminuir as emissões de gases de efeito de estufa. Os cálculos de Crutzen e colaboradores indicam que a cultura dos biocombustíveis mais utilizados liberta cerca do dobro de óxido nitroso, N2O, que estudos anteriores indicavam. O N2O, o gás hilariante, é um gás de efeito de estufa com potencial de aquecimento global — global warming potential (GWP) — 296 vezes maior que o CO2.

Ou seja, a situação antevê-se grave — mas o mais certo é acabarmos todos a rir sobre o assunto.

Etiquetas:

19 julho 2007

#  Curiosos e diletantes

Voltando a Histórias da Luz e das Cores, lá encontro alguns exemplos de livros de divulgação científica dos séculos XVIII e XIX. Não resisto a reproduzir os deliciosos frontispícios de dois deles (um da década de 1750, o outro de 1787), ambos de autores portugueses:


RECREASAÕ
FILOZOFICA,
OU
DIÁLOGO
Sobre a Filozofia Natural para instruc-
saõ de pesoa curiozas , que naõ
frequentáraõ as aulas.

PELO
P. TEODORO D’ALMEIDA
da Congregasaõ do Oratorio de S. Fi-
lipe Neri.

Terceira impresaõ acrescentada , e emendada em
muitos lugares por seu Autor.






TRATADO
DAS
CORES

QUE CONSTA DE TRES PARTES
ANALYTICA, SYNTHETICA,
HERMENEUTICA:


OFFERECIDO

Aos Amadores das Sciencias Naturaes, e a os
Dilectantes, e Artistas, que começaõ
a occupar-se em todo o genero
de Trabalho Colorido


POR

DIOGO DE CARVALHO E SAMPAYO,
CAVALEIRO DA ORDEM DE MALTA.

Etiquetas: ,

17 julho 2007

#  A ignorância que mais nos convém

pintura de Hieronymus Bosch (detalhe)Um post da semana passada publicado no De Rerum Natura fez-me desenterrar o livro Histórias da Luz e das Cores, de Luís Miguel Bernardo (Editora da Universidade do Porto, 2005), que há mais de ano e meio luta por atenção na base de uma pilha que entretanto se formou, qual sucessão de estratos geológicos. Ainda não é desta que lhe dedico a atenção merecida (o primeiro volume consta de 700 páginas, e as prioridades são outras), mas não resisti a dar uma vista de olhos mais profunda do que aquela que ditou a sua compra.

A certa altura, deparo-me com a história de um certo N. F. Villette, que nos sécs. XVII-XVIII foi construtor de «espelhos ardentes», com os quais concentrava os raios solares, incendiando madeira e abrindo buracos em chapas metálicas. Conta-nos o autor:
Este espelho esteve em risco de ser destruído e o seu construtor maltratado pelo povo de Liège, instigado pela superstição e ignorância.

Luís Miguel Bernardo transcreve então o relato que em 1837 Julia de Fontenelle fez dos acontecimentos:
Em 1713, em quanto o espelho de M. Villette estava em Liege, o outomno foi muito chuvoso, o que fez levantar o preço do paõ. A malquerença publicou que aquellas chuvas continuas e aquella carestia de paõ eram devidas a este maldito espelho: Formou-se um grande ajuntamento tumultuoso que se dirigio a caza de Villette para o maltratar e quebrar o seu espelho ardente. Felizmente a cidade de Liege era governada por um prelado esclarecido. [...]

O relato de Julia de Fontenelle continua com a transcrição da carta pastoral de Joseph Clement, bispo e príncipe de Liège (etc.), enviada aos curas e padres da sua jurisdição:
[...] Tendo-se-nos muito respeitosamente representado que se tinha espalhado um motim, na nossa cidade de Liege, que o chamado N. F. Villette, residente ha 15 ou 18 annos nesta cidade, attrahia com o seu espelho as chuvas com que o nosso paiz e os lugares circumvisinhos saõ castigados dos seus peccados, achamo-nos obrigados, pelo cuidado que devemos ter no nosso rebanho, a declarar, como fazemos por meio d’esta, que é um erro semeado pelos ignorantes ou mal intencionados, ou mesmo pelo espirito de malicia, que, affastando o nosso povo da ideia e da segurança de que é pelos seus peccados que elle é castigado, lhe faz attribuir a um espelho o castigo de Deos. Eis porque declaramos que este espelho naõ produz nem pode produzir senaõ effeitos naturaes e muito curiosos, e que, julgar que elle attrahe ou produz as chuvas, e attribuir-lhe assim o poder d’abrir ou fechar o Ceo, o que naõ pertence senaõ a Deos, seria uma reprehensivel superstiçaõ.
Ordenamos aos nossos curas e pregadores da nossa doutrina, a quem este erro possa ter enganado, de dispersuadir o povo de tal erro.

E Luís Miguel Bernardo conclui:
A Villette e ao seu espelho ardente valeu o bom senso do bispo Clement.

Não sei se será intencional, mas o autor de Histórias da Luz e das Cores parece mais cauteloso na escolha das palavras do que a autora do século XIX, que brinda o bispo de Liège com o epíteto de «prelado esclarecido». Wishful thinking: conforme se conclui das palavras de Clement, ao prelado não o movia a luta contra a ignorância e a superstição, mas a defesa da ignorância que mais lhe convinha.

Etiquetas: ,

22 março 2007

#  A Criação explicada

Escreve Francisco José Viegas hoje:

Criacionismo

A perspectiva mais radical do «criacionismo» desfaz-se num minuto. Por exemplo: acreditar que o mundo foi criado há exactamente 6000 anos significa esquecer que a cerveja foi criada cerca de 2500 anos antes dessa data. É uma injustiça.

Pelo contrário, caro FJV — essa cronologia explica muita coisa, nomeadamente a imperfeição da Criação saída da mente e da mão de um Criador perfeito: Deus sentou-se no estirador após dois milénios e meio de divinais pielas. E, erro de cálculo, 6000 anos antes de se inventar o Gurosan.



PS: A propósito, acabo de descobrir o De Rerum Natura [Sobre a Natureza das Coisas], blogue colectivo de Carlos Fiolhais, Desidério Murcho e Jorge Buescu, entre outros. Dada a temática e a proveniência, entra directamente para a minha restrita lista de sugestões. (Vou ali actualizar o template e já venho...)

Etiquetas: , , ,

25 agosto 2006

#  Ainda Plutão

Ninguém me tira da ideia que a despromoção de Plutão (que já não é um planeta de pleno direito no nosso sistema solar) tem dedinho do Ministério da Educação, da Comissão Nacional de Educação (CNE), ou de outros quejandos, notáveis adeptos do facilitismo curricular (de facto, se não de jure). É que, tendo que decidir entre o aumento do rol de planetas a decorar nos bancos da escola (acrescentando aos nove anteriores pelo menos os noviços Ceres, Caronte e Xena) e a sua diminuição para oito, a opção recaiu sobre a diminuição (agora efectivada). No mínimo, suspeito.

Etiquetas: ,

#  Ich bin ein Pluto!

Sistema Solar
Unamo-nos em defesa de Plutão, do Gil Vicente FC, e de todos os injustamente despromovidos deste mundo!

Etiquetas:

11 abril 2006

#  Arma de Destruição Maciça

Com quase um mês de atraso, acabo de ler na New Yorker o artigo «Political Science» (subtítulo: «The Bush Administration’s war on the laboratory»), sobre a forma como religião e ideologia se vêm imiscuindo na investigação científica americana — particularmente em áreas médicas —, comprometendo o seu futuro e, em certa medida, já o seu presente. (O artigo não está disponível online, mas uma entrevista com o autor, Michael Specter, está.)

Muito se fala do militarismo de George W. Bush, mas a sua atitude anticientífica e a sua política de açaimamento da Ciência à agenda de grupos ideológica e religiosamente motivados é bem capaz de ser uma ameaça mais durável — porque negligenciada e porque ataca directamente um dos pilares da cultural ocidental (e do seu sucesso): a interrogação constante e sem restrições.

Alguns, incluindo europeus, verão num eventual declínio científico americano (e aqui “eventual” terá porventura o sentido que em inglês se lhe dá...) algo como uma doce vingança finalmente alcançada. Mas os EUA são ainda a figura-de-proa da civilização ocidental — e mau sinal é para o barco que a figura-de-proa se afunde.

Etiquetas: , , , ,

03 março 2006

#  Foi bom, mas soube a pouco

Capa de 'O Eduquês em discurso directo'
O 'Eduquês' em Discurso Directo, de Nuno Crato, edição Gradiva.

Poucos são os livros em que, como neste, a leitura é constantemente interrompida para exclamarmos de forma sentida (desesperada, mesmo), alto e bom som, mesmo que estejamos sozinhos: «Claro!»
Como defeito, só a brevidade. Quando se começa a ganhar balanço, acaba o capítulo. E é assim até ao fim do livro.

Etiquetas: , ,

22 fevereiro 2006

#  Mal posso esperar para ter e ler

Capa de 'O Eduquês em discurso directo'
O 'Eduquês' em Discurso Directo, de Nuno Crato, edição Gradiva.

Etiquetas: , ,