foto: Bruno Espadana

29 setembro 2008

#  A métrica dos combustíveis fósseis?

O Infografando, blogue convidado do Público, apresenta uma infografia sobre a central de aproveitamento eléctrico da energia das ondas a instalar ao largo da Póvoa de Varzim.

Infografia: Energia das ondas em Portugal
Só gostava de saber que métrica é que o infografista usou para determinar o tamanho relativo dos círculos de «Comparação dos maiores projectos por tipo de energia»...

A comparação deveria ser entre as áreas de cada círculo, mas não foi certamente o que se passou: 1200 MW é menos do dobro de 630 MW, mas a área do círculo daquele é 9,6 vezes maior do que a deste. Por outro lado, 630 MW é 7,5 vezes maior do que 84 MW, mas a relação entre as áreas dos respectivos círculos é inferior a 1,4...

A relação entre as potências instaladas também não se reflecte nos raios dos círculos (o que, ainda que errado, pelo menos teria uma lógica subjacente): para uma relação de 1,9 em potência temos 3,1 em raio do círculo, e para uma relação de 7,5 em potência temos uma relação inferior a 1,2 em raio...

Ora, como sabemos, muitos leitores não olharão para os números, mas para os tamanhos relativos dos círculos. (É exactamente esta constatação que dita a utilidade da infografia...) E o que é que os leitores infografo-dependentes concluirão (erradamente)? Que a central térmica é muitíssimo mais produtiva do que as restantes centrais, hidroeléctrica incluída — donde a energia térmica é e será sempre (ou pelo menos a médio prazo) insubstituível.

Tendo em conta que todas as energias apresentadas, com excepção da térmica, são renováveis, pergunto-me se a métrica utilizada na definição dos tamanhos relativos dos círculos terá sido a métrica do lobby dos combustíveis fósseis...


Nota: Este post teve epílogo...

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