foto: Bruno Espadana

07 dezembro 2006

#  Desistam, que eu não!

A minha casa foi anteriormente habitada por duas psiquiatras. Sei-o porque ainda agora lá chegam pelo correio publicações da especialidade endereçadas às antigas inquilinas. Como é meu dever, assinalo no envelope que o destinatário «MUDOU-SE» e meto-o no marco do correio, para que os CTT cumpram o dever deles e o devolvam ao remetente.

Mas os Correios — é sabido — não são muito dados a cumprir o seu dever: chateia-lhes ter de levar de volta a Lisboa a correspondência que a tão grandes penas trouxeram até Vila Real... Mas, como não podem deitar as ditas publicações ao lixo (seria uma ilegalidade e, se alguém provasse que o fizeram, poderiam ter problemas), esperam que eu o faça por eles. Daí que na última semana tenham repetidamente voltado a colocar na minha caixa do correio as duas revistas que eu devolvi. E que volto a devolver. E eles insistem. E eu também.

E nisto andamos: para uma das revistas vamos na quarta iteração; para a outra, na terceira. Os carteiros ou o Centro de Distribuição Postal esperam que um dia eu me farte e lhes faça o favor de deitar fora a correspondência que não é minha, deixando de incomodá-los. Mas enganam-se: com um marco do correio a meros quatro metros do ecoponto, devolver a correspondência não me dá mais trabalho.

Desistam, Srs. Carteiros, que eu não!

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19 setembro 2006

#  2 x ½ caminho = descaminho?

No site dos CTT, concretamente na página de pesquisa de Códigos Postais, prometem-nos:
Pode efectuar a pesquisa de um arruamento por nomes não oficiais, mas pelos quais esses arruamentos também são conhecidos.
Exemplo: na localidade de Lisboa, ao pesquisar "Rossio", encontrará este arruamento com a indicação de que o seu nome oficial é "Praça D. Pedro IV.

Isso será verdade para Lisboa, mas não é para a «paisagem». Para os CTT, em Vila Real não existe uma Rua Direita (oficialmente, Rua Dr. Roque da Silveira), nem uma Rua Central (Rua dos Combatentes da Grande Guerra), nem uma Rua dos Quinchosos (Rua D. António Valente da Fonseca) — só para dar alguns exemplos no mesmíssimo centro da cidade (não numa aldeia recôndita).

E se uns arruamentos “não existem”, outros, pela mesma razão (o mesmo desconhecimento do terreno), “existem duas vezes”. É o que se passa com a minha morada, que entre nome oficial e nome oficioso tem, não um, mas dois Códigos Postais.

Há uns anos o slogan dos CTT anunciava que «o Código Postal é meio caminho andado». Com dois Códigos Postais, o caminho até à minha caixa de correio deveria estar garantido, não?...

Parece que não.


Já agora, o slogan dos Códigos Postais 4+3 era «Mais certo, mais perto». Para que conste, sou vizinho dos CTT (de facto, o meu jardim das traseiras confronta com o parque de estacionamento do edifício dos Correios e da Telecom). Apesar de tal proximidade, os carteiros parecem ter dificuldade em encontrar-me. Creio que perderia menos correspondência se se limitassem a atirar-ma por cima do muro...

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#  Boa ideia!

No site dos CTT deparo com a seguinte publicidade:

Sabia que... podemos distribuir a sua Publicidade Não Endereçada através da nossa empresa
Boa ideia: de qualquer forma, os CTT estão-se a baldar para os endereços...

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#  ... como cegos guiando cegos

Uma breve lição de geografia.

A Avenida Carvalho Araújo, em Vila Real, desenvolve-se aproximadamente na direcção Norte-Sul, com a numeração a começar no topo Sul, junto à Câmara Municipal, aumentando em direcção a Norte, à Praça Luís de Camões, junto à Caixa Geral de Depósitos (do lado Nascente) e ao Palácio dos Correios (do lado Poente, na esquina com a Rua D. António Valente da Fonseca). Os números ímpares correspondem ao lado Poente e os pares ao lado Nascente.

Avenida Carvalho Araújo
Indiferente a isto, a morada indicada no carimbo da Estação de Correios da Avenida Carvalho Araújo e no site dos CTT é «Avenida Carvalho Araújo n.º 62». Ora, não só o n.º 62 pertenceria naturalmente ao lado oposto da avenida, como, para quem não sabe, nem sequer existe: ao n.º 60 (Pastelaria Gomes) segue-se o n.º 64 (Pizzaria Big Bob’s), portas situadas imediatamente abaixo e acima do Largo de Pelourinho.

Como ficar admirado que se enganem na entrega da minha correspondência, se os CTT não sabem sequer a sua própria morada?!

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18 setembro 2006

#  Os CTT atacam de novo

Vinha precisamente de meter nos Correios uma carta de reclamação (que escrevera em nome de uma tia minha) motivada pelo estado deplorável de alguma correspondência recebida (incluindo uma cobrança postal — daquelas que dizem «não dobrar, não molhar, contém impresso para processamento por computador» — rasgada e com um pedaço em falta). Pois ia a reentrar em casa, quando reparei que uma caixa de correio vizinha (de uma casa desabitada) estava entreaberta, como se tivesse algo lá dentro. Como não seria nem a primeira nem a segunda vez que punham correspondência minha nessa caixa (entre outras permutações que os carteiros experimentam pela vizinhança, apesar de as caixas identificarem claramente os nomes dos respectivos proprietários), decidi espreitar lá para dentro, não fosse haver algo que se me destinasse.

A princípio não reconheci a massa amorfa. Podia ser publicidade a um hipermercado ou outra coisa qualquer, tal era o grau de “amarfanhação” do que estava lá dentro. Então reparei numa letra com uma forma conhecida — um “N” inconfundível — e soube que aquele... cadáver... fora em tempos um exemplar da minha assinatura da New Yorker!

É difícil descrever o estado em que encontrei a revista. Mesmo que a mostre agora a alguém, a visão fica aquém da realidade de então, pois a operação de “desencarceramento” (foi disso que se tratou), se não a deixou propriamente de boa saúde, deu-lhe pelo menos um ar mais digno. Que mais não seja, já ocupa mais área, assumindo uma forma quase reconhecível como tendo em tempos sido plana (com significativos acidentes... “orográficos”). Porque a palavra mais adequada à forma que a revista assumia dentro da caixa de correio da casa vizinha é “rodilha”. Tinha sido selvaticamente dobrada e amarfanhada como um pano velho, e enfiada pela ranhura da caixa em jeito de tapulho; a largura da New Yorker exige algum cuidado e jeito na introdução na maioria das caixas de correio, mas o carteiro conseguira o feito de “adaptar anatomicamente” o seu comprimento a uma ranhura 5 ou 6 cm mais curta.

Em Março de 2005 escrevi no blogue da Periférica:
Quando entro numa Estação de Correios, à cautela tiro logo um formulário de reclamação.

Um ano e meio depois, a medida antecipatória continua a justificar-se.

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08 junho 2006

#  As minhas aventuras no país dos CTT

Há mais de um ano escrevi no blogue da Periférica («CTT, esse valor seguro»):
Quando entro numa Estação de Correios, à cautela tiro logo um formulário de reclamação.

Ontem, uma vez mais, confirmou-se a sageza da jogada de antecipação.
O novo “esquema” dos CTT* (coisa com um mês, disseram-me) consiste em não usar a máquina de franquiar se o cliente optar pelo correio normal: as vantagens dos automatismos estão agora reservadas para o Correio Azul; quem quer pagar menos tem de esperar enquanto o funcionário, de stick UHU na mão, cola um a um os selos no envelope (9,55€ requer mais do que um selo).
A medida, obviamente, comporta a diminuição da produtividade do funcionário. A ideia, também obviamente, é “amestrar” o cliente: mais cedo ou mais tarde ele aprende que correio normal = seca, impacienta-se (imaginem o tempo de espera para vários envelopes) e rende-se ao Correio Azul.

A reclamação já vai a caminho. Mas tendo os CTT a exclusividade do serviço, sabemos quão roto é o saco em que ela cairá.


* Novo, porque não é o primeiro “esquema” que detecto. Aconselho a leitura de um post que escrevi a 26/03/2005: «CTT burla clientes».

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05 maio 2006

#  Mais um dia no país dos CTT...

Frente do envelope Verso do envelope
Não muito certo, mas andou lá perto...

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