foto: Bruno Espadana

30 setembro 2008

#  «Se esta rua fosse minha...» 2008 (programa)

Só para aguçar o apetite...

programa do festival

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#  A métrica dos combustíveis fósseis (epílogo)

Reclamar ainda vale a pena: o infografista corrigiu o tamanho do círculo da energia hidroeléctrica. Agora, tudo bate certo.
Infografia: Energia das ondas em Portugal (versão corrigida)

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29 setembro 2008

#  A métrica dos combustíveis fósseis?

O Infografando, blogue convidado do Público, apresenta uma infografia sobre a central de aproveitamento eléctrico da energia das ondas a instalar ao largo da Póvoa de Varzim.

Infografia: Energia das ondas em Portugal
Só gostava de saber que métrica é que o infografista usou para determinar o tamanho relativo dos círculos de «Comparação dos maiores projectos por tipo de energia»...

A comparação deveria ser entre as áreas de cada círculo, mas não foi certamente o que se passou: 1200 MW é menos do dobro de 630 MW, mas a área do círculo daquele é 9,6 vezes maior do que a deste. Por outro lado, 630 MW é 7,5 vezes maior do que 84 MW, mas a relação entre as áreas dos respectivos círculos é inferior a 1,4...

A relação entre as potências instaladas também não se reflecte nos raios dos círculos (o que, ainda que errado, pelo menos teria uma lógica subjacente): para uma relação de 1,9 em potência temos 3,1 em raio do círculo, e para uma relação de 7,5 em potência temos uma relação inferior a 1,2 em raio...

Ora, como sabemos, muitos leitores não olharão para os números, mas para os tamanhos relativos dos círculos. (É exactamente esta constatação que dita a utilidade da infografia...) E o que é que os leitores infografo-dependentes concluirão (erradamente)? Que a central térmica é muitíssimo mais produtiva do que as restantes centrais, hidroeléctrica incluída — donde a energia térmica é e será sempre (ou pelo menos a médio prazo) insubstituível.

Tendo em conta que todas as energias apresentadas, com excepção da térmica, são renováveis, pergunto-me se a métrica utilizada na definição dos tamanhos relativos dos círculos terá sido a métrica do lobby dos combustíveis fósseis...


Nota: Este post teve epílogo...

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23 setembro 2008

#  Para que conste, eu tive essa ideia primeiro

Michael Palin for President: Vote Silly 2008
Alguém pegou na minha ideia e lançou uma campanha para eleger Michael Palin (ex-Monty Python) como Presidente dos Estados Unidos. Apoio plenamente, mas, como dizem os camónes, «credit where credit is due»...

Michael Palin for President
O vídeo da campanha, legendado em português, está disponível no site do Público.

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22 setembro 2008

#  «My point exactly...»

No Público online (vídeos):

Venezuela expulsa Human Rights Watch

O Governo venezuelano expulsou a delegação da Human Rigths Watch no país, depois de a organização de defesa dos direitos humanos ter publicado um relatório em que denuncia o que considera ser «a erosão da democracia» no país.

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#  «Se esta rua fosse minha...» 2008

cartaz do Festival de rua 'Se esta rua fosse minha...'
A segunda edição do «Se esta rua fosse minha...», festival de rua organizado pelo Plano B, é já no próximo dia 4 de Outubro.

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19 setembro 2008

#  Prisioneiro de Consciência

John Stewart, comentando a mudança de discurso de John McCain:
«Ao que parece, John McCain é o único prisioneiro de guerra sujeito a lavagem cerebral depois de ser libertado.»

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18 setembro 2008

#  Pseudo-Ciência New Age

Descobri hoje a “Escola Bio-Integrativa”, instituição que funciona num apartamento em Quarteira. Esta escola, que pertence à organização “Nave Dourada ND-11” (com instalações também em Oeiras e no Porto), realiza diversas actividades, entre as quais a «bioterapia integrativa», que «permite o reequilíbrio energético do corpo físico e dos corpos subtis e a obtenção de estado mais elevados de encontro com os planos da consciência pessoal terrena».
Se acham que isto não é para vós, enganam-se: «A BioTerapia Integrativa destina-se a todos os que procuram um sentido mais amplo e consciente de viver.»


A Nave Dourada ND-11 desenvolve também um Círculo de MeditaçãoEu, a minha consciência e o planeta onde vivo»), com diversas sessões em que «será sempre realizada uma meditação de unidade e cura para Gaia, e de ligação com a energia de Portugal».

(Não tarda nada e têm patrocínio da EDP...)

Para os mais cépticos, assinalo que o projecto não é de pouca monta: «Para além do desenvolvimento pessoal, esta é uma oportunidade de se unir à criação de um novo Portugal e de uma Nova Terra.»

Não acreditam? Vejam o programa até ao fim do ano: já vão tarde para a «Remoção da Matriz Densa do corpo emocional» (que é pior do que pedra nos rins) e também já perderam a oportunidade de garantirem a «Integração do vector matricial da Rede Mental Superior» (que por isso continuará desintegrado, o pobre), mas se se apressarem talvez ainda consigam uma vaga na sessão em que tratarão da «Reprogramação da Matriz Inconsciente». E antes do fim do mês — oh! suprema felicidade! — proceder-se-á à «Activação da Rede Cristal de Luz e Amor»! Já era tempo!!!

(Já repararam como tudo funciona matricialmente em rede?)

Outubro é um mês forte: começaremos pela «Percepção e Unicidade com a Criança Interior» (o tipo de criança que tem a vantagem de sabermos sempre onde está — é um descanso), seguida de uma «Interdimensionalidade Consciente» (o que dá sempre jeito). Se perderam a sessão de Reprogramação da Matriz Inconsciente, não desesperem: a «Reprogramação celular — a saúde como forma de vida consciente» dá quase os mesmos efeitos, mas ao contrário (quem não tem cão, caça com gato). E se acham que ainda não têm «consciente» que chegue, a boa notícia é que Outubro encerra com duas sessões pensadas especialmente para vós: «Poder criativo consciente e leis da manifestação» e «Partículas de Luz recriadas no consciente pessoal».

Em Novembro vão poder «Ampliar o poder matricial do Eu Sou em evolução», o que na conjuntura actual não é coisa pouca. Crise dos subprime? Não desesperem — confiem n' «A Maestria e [n]a experiência dos Bancos Ascensionais»! E para os amantes do bricolage, há sempre a possibilidade de «Praticar a Canalização — vector consciente de intuição e telepatia energética». Cansados? É uma óptima altura para a «Concentração da energia dhármica».

Dezembro traz-nos «Melquisedec — Transcendência do despertar da consciência» e «Antakarana — construção do Pilar de Luz» (mais bricolage...). E antes das amêndoas e das rabanadas, nada como um «Movimento energético ascensional na frequência evolutiva 11:11».


Alguns de vós, mais incréus, dirão que esta não é uma organização idónea. Difamação! A Nave Dourada ND-11 participa, desde 2005, no movimento das Nações Unidas “Culture of Peace Initiative”. No próximo dia 21 de Setembro realizarão uma Meditação Pública pela Paz na Terra com a presença, entre outros, de Rão Kyao. E porque as «bioterapias» são coisa séria, a ND-11 faz questão de nos lembrar que o evento decorrerá na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, «sede de Cultura e Conhecimento».

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16 setembro 2008

#  Ainda as traduções em Portugal

Há dias queixei-me das más traduções e da falta de revisão na edição em Portugal. Hoje, deparo-me no site da Gradiva (uma das minhas editoras preferidas) com uma nota do Editor, infelizmente rara no nosso país:

2.ª edição com tradução integralmente revista

Apesar do cuidado empenhado na qualidade das nossas edições, os acidentes são, em certas circunstâncias, inevitáveis. Foi isso que se verificou com a 1.ª edição da obra fundamental O FUTURO DA LIBERDADE, de Fareed Zakaria. Pedindo desculpa aos nossos leitores por essa falha, a Gradiva receberá a devolução de todos os exemplares dessa primeira edição, enviando em troca a 2.ª edição com a tradução integralmente revista.

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#  Religião e Moral

No elevador, uma vizinha para a filha em idade escolar:
«... é porque tu tens Religião e Moral, e o Pedro não. Tem moral, mas não tem religião.»

Que a minha vizinha seja capaz de fazer a distinção, dá-me alento para pensar que nem tudo neste mundo está perdido.

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15 setembro 2008

#  Escolha o/a Palin que mais lhe convém

Sarah Palin Michael Palin (Monty Python)

E se Sarah é do selvagem e distante Alaska, Michael é do igualmente selvagem e para todos os efeitos igualmente distante Yukon, o que vai dar quase ao mesmo...
Michael Palin: Lumberjack Song

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#  Sarah Palin & John McCain

Sarah PalinTemo que, com Sarah Palin ao seu lado, John McCain venha a ganhar as eleições de Novembro.

O que estava a dar "pica" às primárias Democratas era o facto inédito de a corrida estar a ser disputada entre uma mulher e um negro. Com a escolha de uma mulher para Vice-Presidente, John McCain conseguiu trazer para a sua campanha a aura de inovação que lhe faltava (ainda que em tudo o mais a escolha de Palin seja retrógrada).

Pessoalmente, não acho que McCain fosse um mau presidente — se se mantivesse o John McCain a que nos habituou: seguindo frequentemente uma linha muito sua, contra a vontade da maioria do seu partido. Mas um tal McCain não é "presidenciável", pelo que o senador do Arizona tem vindo a afinal o seu discurso pelo diapasão das bases mais retrógradas e radicais do Partido Republicano, dizendo frequentemente o contrário do que antes dizia. A escolha de Sarah Palin é apenas o toque final nessa conformação com o sentir do núcleo mais militante do Partido.

Há ainda a esperança que, uma vez no poder, McCain volte a ser o mesmo de sempre, mas não me parece: em especial se se quiser recandidatar em 2012 (talvez não, devido à idade), John McCain, tal como todos os presidentes antes de si, terá de passar o seu mandato a agradar, isto é, a pagar a "dívida", àqueles que o puseram na Sala Oval.

Esperemos, apenas, que a sua idade (ou a desculpa dela) não nos dê em poucos anos o presente envenenado de uma Presidente Palin...

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#  A segurança do transporte aéreo

Sobre o acidente de um avião da Aeroflot ontem, leio nos comentários do Público online:
Na Europa, pelo menos, é muito mais seguro de andar de avião do que de automóvel... quem disser o contrário não sabe o que está a dizer... todos os anos morrem o número de pessoas nas estradas europeias equivalente a vários acidentes trágicos de avião por semana!!!!

Já ouvi diversas vezes dizer coisas do género, e não digo nem que sim, nem que não — mas gostava de saber se estas afirmações se baseiam em contabilidade de merceeiro, ou se algum estatístico (verdadeiro) se deu ao trabalho de analisar os números.

A segurança de um transporte mede-se pela probabilidade de ocorrerem acidentes e pela sua gravidade. Para isso, não basta saber quantos acidentes ocorrem num e noutro meio: é preciso saber também quantos carros circulam e quantos aviões voam por ano; a quantos passageiros isso corresponde; quantos quilómetros percorrem e quantas horas passam a circular/voar; quantas pessoas morrem, quantas ficam feridas e com que gravidade; em caso de acidente, que percentagem dos passageiros morre ou sofre uma lesão grave.

Só depois de tudo isto ponderado é que se pode dizer qual é o meio mais seguro.
Alguém fez estas contas?

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10 setembro 2008

#  Dêem-me tradutores e revisores puristas — mas dêem-me tradutores e revisores, de facto!

Desidério Murcho escrevia ontem no Público (reproduzido no blogue De Rerum Natura):
Poucas pessoas sabem como se faz um livro, e por isso não sabem que o que um autor ou tradutor escreve é pacientemente revisto por pessoas especialistas nessa tarefa.
E depois continua para desancar os revisores «puristas» que censuram a língua e o estilo, como se a língua e o estilo fossem fósseis.

Pois, pois...

Em muitas edições portuguesas (particularmente traduções), eu até gostava de um correctorzinho purista — era sinal de que havia um corrector, in the first place!
O grande problema é que, frequentemente, não há; se há, só fingiu que fez o seu trabalho; e se fez o seu trabalho, então manifestamente não está qualificado para o fazer. (O mesmo se pode dizer, sem dúvida e por maioria de razão, dos próprios tradutores.)
Há de tudo: ignorância linguística, ignorância cultural (geral), ignorância sobre o tema...

As traduções dos livros de Georges Minois (Teorema) são apenas um exemplo dos mais flagrantes, mas tem muita companhia.
A tradução que Serafim Ferreira fez de História do Ateísmo é (permitam-me a ironia) de bradar aos céus: à força de desconhecer (!!!) a expressão francesa «ne que», o homem conseguiu pôr o texto em português a dizer o contrário do original francês (é tão evidente que até eu, sem o original à frente e sem grandes conhecimentos de francês, dou conta do problema — infelizmente, não sempre, certamente).
E a ignorância histórica (não só de personagens e autores importantes, mas também do facto de os nomes antigos e medievais, e ainda o dos modernos monarcas e papas, serem por tradição adaptados à língua de quem escreve) faz surgir preciosidades como «a Bíblia do Rei Jacques de Inglaterra»...

Por isso, dêem-me tradutores e revisores puristas — mas dêem-me tradutores e revisores, de facto!



Sobre este mesmo tema (e caindo um pouco na repetição), permito-me reproduzir aqui dois posts que escrevi ainda no tempo da revista Periférica (blogue A Oeste Nada de Novo):

HISTÓRIA DO ATEÍSMO (06/05/2004)

Foi finalmente publicado em Portugal o livro que, desde há pelo menos cinco anos, eu indicaria se algum dia me perguntassem a clássica «Que livro gostaria de ver traduzido em português?» (infelizmente, nunca ninguém quer saber essas coisas — ou muitas outras — de mim...).

Refiro-me a História do Ateísmo, de Georges Minois, setecentas e tal páginas a que tenho de me dedicar o mais rapidamente possível.

O aspecto menos positivo (a priori — espero enganar-me) foi a Teorema ter entregue a tradução a Serafim Ferreira, que recordo por ter traduzido outra obra do mesmo autor saída na Teorema: História do Futuro. Li o livro há não muitos meses (esteve anos na fila de espera) e surpreendeu-me pela negativa um tão pouco rigoroso trabalho de tradução...

POST SCRIPTUM SOBRE A TRADUÇÃO DE AS ORIGENS DO MAL DE GEORGES MINOIS (13/09/2005)

A tradução de As Origens do Mal foi entregue a Carlos Correia Monteiro de Oliveira, o que é uma boa notícia, pois o tradutor das obras precedentes (Serafim Ferreira) foi avançando paulatinamente até alcançar o nível do assassinato na tradução de História do Ateísmo, em que frequentemente pôs a edição portuguesa a dizer precisamente o contrário do original francês.

Se Carlos Oliveira comete os mesmos erros, tal não é evidente (o que, paradoxalmente, será um demérito face a Serafim Ferreira, com quem conseguíamos muitas vezes "reconstruir" o sentido original...), mas numa coisa ambos se irmanam: no critério (ou falta dele) quanto à tradução (ou não) de alguns títulos de obras e ao aportuguesamento (ou não) dos nomes de certos autores e personagens históricas ou mitológicas. É assim que surgem pérolas como a deusa grega «Gaïa», a seita dos «caïnitas» e o romancista «Dostoïevski», teólogos gregos como «Numérius d'Apamée», «Marcion du Pont» (ambos do séc. II) ou «Méthode d'Olympe» (séc. IV), o famoso escocês «Jean Duns Scot» (sécs. XIII–XIV) e muitos outros «Jeans» holandeses, alemães e doutras paragens, o «Livre des jubilés» (composto por uma seita judaica entre 135 a. C. e 105 a. C. e encontrado em Qumran) ou as obras de Ireneu (séc. II) e do alemão Martinho Lutero (séc. XVI), todas com títulos em francês — e ainda o meu preferido, o rei «Jacques I de Inglaterra». Ou, reverso da medalha, um certo «Teodoro» Roosevelt...*

Sejamos claros: deixar em francês títulos de obras não originalmente publicadas nessa língua ou nomes de personagens históricas não francófonas que por tradição são conhecidos na sua forma aportuguesada (ou afrancesada, no caso dos países francófonos, daí a opção de G. Minois) denota, antes de mais, ignorância e falta de cultura geral. O tradutor, simplesmente, não faz a mínima ideia de quem tais personagens foram — nem procurou saber.

* Alguns dos exemplos que dou são da autoria de Serafim Ferreira e não de Carlos Oliveira.

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08 setembro 2008

#  Qual Green Card, qual quê! (23)

A New Yorker iniciou em 2005 um concurso de legendagem de cartoons: em cada número um dos cartoonistas da revista cria uma imagem (geralmente absurda) sem qualquer texto, devendo os leitores fornecer a legenda apropriada. As três melhores legendas são postas à votação e o vencedor é premiado com uma gravura do cartoon, devidamente assinada pelo artista, onde consta a sua legenda.
O senão de tudo isto é que se tem de ser residente nos EUA para poder concorrer. Não conformado com isso, apresento aqui a minha sugestão para o cartoon n.º 160:


(c) Tom Cheney / The New Yorker
«... and its fire-resistant materials are guaranteed for all eternity.»

Desenho de Tom Cheney /The New Yorker

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