foto: Bruno Espadana

29 junho 2007

#  A culpa é d’O Sistema

No Público online:
Quatro dos cinco maiores bancos portugueses passaram a cobrar comissões quando os clientes não têm dinheiro na conta no dia de pagamento da prestação da casa, avança o “Diário de Notícias”.
CGD, BCP, BPI e Santander Totta cobram entre 10,4 e 31,15 euros aos clientes que não tenham fundos nas suas contas à ordem suficientes para suportar a prestação mensal da casa.
A CGD vai começar a aplicar essa comissão a partir de Agosto sempre que a conta do cliente, passados cinco dias sobre a data da prestação do empréstimo, não tenha o montante indispensável para satisfazer o acordo que estabeleceu com o banco, mediante contrato.

Eu cá pensava que fosse óbvio que tal acontecesse... e que todos os bancos o fizessem. Cobrar comissões por alguém não ter dinheiro para pagar atempadamente o que deve é normal: as pessoas têm de honrar os seus compromissos. O que é um abuso é cobrar comissões pela «manutenção de conta».

O caso da Caixa Geral de Depósitos é paradigmático:
Para ter uma Conta Poupança Habitação Jovem (quando isso dava benefícios fiscais), fui há uns anos obrigado a abrir uma nova conta à ordem, pois, na que eu já tinha, o segundo titular não se qualificava como «jovem». Eu disse que não queria mais contas à ordem, apenas a CPH, mas eles responderam-me que tinha de ser, pois «o sistema não permite uma conta a prazo ou de poupança sem uma conta à ordem associada». Depois, como eu não usava a segunda conta à ordem (pois não precisava dela e tê-la-ia dispensado se me tivessem dado oportunidade disso), ao fim de algum tempo cobraram-me 10 euros de «despesas de manutenção» daquela conta — conta que eu não queria, mas que o sistema deles me obrigava a ter sem eu precisar, penalizando-me depois por tê-la!

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21 junho 2007

#  Qual Green Card, qual quê! (18)

A New Yorker iniciou em 2005 um concurso de legendagem de cartoons: em cada número um dos cartoonistas da revista cria uma imagem (geralmente absurda) sem qualquer texto, devendo os leitores fornecer a legenda apropriada. As três melhores legendas são postas à votação e o vencedor é premiado com uma gravura do cartoon, devidamente assinada pelo artista, onde consta a sua legenda.
O senão de tudo isto é que se tem de ser residente nos EUA para poder concorrer. Não conformado com isso, apresento aqui a minha sugestão para o cartoon n.º 101:


Cartoon Caption Contest # 101
(c) Robert Mankoff / The New Yorker
«Is it here we enroll for the “Cartoon Caption Contest 101” class?»

Desenho de Robert Mankoff /The New Yorker

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11 junho 2007

#  Windows Vista™: as letras miudinhas (3)

Windows enquanto espera leia uma reVista™

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#  Windows Vista™: as letras miudinhas (2)

Windows não há coisa pior em que se inVista™

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#  Windows Vista™: as letras miudinhas (1)

Windows fogo-de-Vista™

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05 junho 2007

#  Qual Green Card, qual quê! (17)

A New Yorker iniciou em 2005 um concurso de legendagem de cartoons: em cada número um dos cartoonistas da revista cria uma imagem (geralmente absurda) sem qualquer texto, devendo os leitores fornecer a legenda apropriada. As três melhores legendas são postas à votação e o vencedor é premiado com uma gravura do cartoon, devidamente assinada pelo artista, onde consta a sua legenda.
O senão de tudo isto é que se tem de ser residente nos EUA para poder concorrer. Não conformado com isso, apresento aqui a minha sugestão para o cartoon n.º 102:


(c) Danny Shanahan / The New Yorker
«He keeps saying: “Flexibility and Versatility are the keys for keeping your job in the 21st century.”»

ou (versão portuguesa):

«Ele não se cansa de repetir: “Flexibilidade e Polivalência são as chaves para mantermos o emprego no século XXI.”»

Desenho de Danny Shanahan /The New Yorker

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04 junho 2007

#  Subtileza fonética

A diferença entre o ñ e o n é que o ñ é mais subtil.

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#  Poesia matemática, Millôr Fernandes

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs )
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.



Texto extraído do livro “Tempo e Contratempo”, Edições O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudónimo de Vão Gogo.

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