# Os CTT atacam de novo
Vinha precisamente de meter nos Correios uma carta de reclamação (que escrevera em nome de uma tia minha) motivada pelo estado deplorável de alguma correspondência recebida (incluindo uma cobrança postal — daquelas que dizem «não dobrar, não molhar, contém impresso para processamento por computador» — rasgada e com um pedaço em falta). Pois ia a reentrar em casa, quando reparei que uma caixa de correio vizinha (de uma casa desabitada) estava entreaberta, como se tivesse algo lá dentro. Como não seria nem a primeira nem a segunda vez que punham correspondência minha nessa caixa (entre outras permutações que os carteiros experimentam pela vizinhança, apesar de as caixas identificarem claramente os nomes dos respectivos proprietários), decidi espreitar lá para dentro, não fosse haver algo que se me destinasse.
A princípio não reconheci a massa amorfa. Podia ser publicidade a um hipermercado ou outra coisa qualquer, tal era o grau de “amarfanhação” do que estava lá dentro. Então reparei numa letra com uma forma conhecida — um “N” inconfundível — e soube que aquele... cadáver... fora em tempos um exemplar da minha assinatura da New Yorker!
É difícil descrever o estado em que encontrei a revista. Mesmo que a mostre agora a alguém, a visão fica aquém da realidade de então, pois a operação de “desencarceramento” (foi disso que se tratou), se não a deixou propriamente de boa saúde, deu-lhe pelo menos um ar mais digno. Que mais não seja, já ocupa mais área, assumindo uma forma quase reconhecível como tendo em tempos sido plana (com significativos acidentes... “orográficos”). Porque a palavra mais adequada à forma que a revista assumia dentro da caixa de correio da casa vizinha é “rodilha”. Tinha sido selvaticamente dobrada e amarfanhada como um pano velho, e enfiada pela ranhura da caixa em jeito de tapulho; a largura da New Yorker exige algum cuidado e jeito na introdução na maioria das caixas de correio, mas o carteiro conseguira o feito de “adaptar anatomicamente” o seu comprimento a uma ranhura 5 ou 6 cm mais curta.
Em Março de 2005 escrevi no blogue da Periférica:
Um ano e meio depois, a medida antecipatória continua a justificar-se.
A princípio não reconheci a massa amorfa. Podia ser publicidade a um hipermercado ou outra coisa qualquer, tal era o grau de “amarfanhação” do que estava lá dentro. Então reparei numa letra com uma forma conhecida — um “N” inconfundível — e soube que aquele... cadáver... fora em tempos um exemplar da minha assinatura da New Yorker!
É difícil descrever o estado em que encontrei a revista. Mesmo que a mostre agora a alguém, a visão fica aquém da realidade de então, pois a operação de “desencarceramento” (foi disso que se tratou), se não a deixou propriamente de boa saúde, deu-lhe pelo menos um ar mais digno. Que mais não seja, já ocupa mais área, assumindo uma forma quase reconhecível como tendo em tempos sido plana (com significativos acidentes... “orográficos”). Porque a palavra mais adequada à forma que a revista assumia dentro da caixa de correio da casa vizinha é “rodilha”. Tinha sido selvaticamente dobrada e amarfanhada como um pano velho, e enfiada pela ranhura da caixa em jeito de tapulho; a largura da New Yorker exige algum cuidado e jeito na introdução na maioria das caixas de correio, mas o carteiro conseguira o feito de “adaptar anatomicamente” o seu comprimento a uma ranhura 5 ou 6 cm mais curta.
Em Março de 2005 escrevi no blogue da Periférica:
Quando entro numa Estação de Correios, à cautela tiro logo um formulário de reclamação.
Um ano e meio depois, a medida antecipatória continua a justificar-se.
Etiquetas: 'New Yorker', CTT, Revista Periférica
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