# Política troglodita

Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo.
Deduzo que Fernando Ruas ainda não tenha ultrapassado a romântica fantasia que eu mantive durante a minha infância: a de um heróico Viriato que, à frente de uns Lusitanos andrajosos (mas trogloditicamente nobres), descia das alturas dos Montes Hermínios e corria à pedrada o invasor Romano.
Hoje, o autarca (que segunda-feira assegurava falar «a sério» e «medir muito bem» o que dizia) relativiza as coisas: o sentido não era literal, não houve apelo à violência sobre funcionários do Estado no exercício das suas funções (o que é bom, pois de outra forma configuraria um apelo a ofensa à integridade física qualificada, art.º 146º do Código Penal).
O presidente da sua Assembleia Municipal consegue ser mais novilínguico: diz que não entendeu «as palavras do senhor presidente da Câmara como querendo dizer atirar pedras às pessoas», mas sim como um apelo à «concertação» entre serviços...
Já agora, a razão do apelo ao apedrejamento:
Nós queremos gente que vá ajudar as freguesias, não queremos gente que obstaculize o seu desenvolvimento.
(A Natureza é, como se sabe, um obstáculo ao desenvolvimento.)
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