foto: Bruno Espadana

25 abril 2006

#  A questão da responsabilização

'Pontos nos ii' n.º 4Outra questão abordada em diferentes artigos da última Pontos nos ii é a da responsabilização. Esta, estranhamente — e cada vez mais —, vem recaindo apenas sobre os professores, na prática apresentados como os culpados da situação da Educação nacional, no geral (são uma espécie de “funcionários públicos ao quadrado”), e do insucesso de cada aluno, em particular (para além, claro, do «contexto social» — o que nos remete para a questão da exigência diferenciada).

Citemos um pouco mais:

Gabriel Mithá Ribeiro:
Se se exigem — e bem! — esforços e resultados aos professores, essa é uma meia verdade transformada num embuste enquanto não se fizer o mesmo aos alunos (e encarregados de educação), o que passará por uma revisão séria e corajosa do sistema de avaliação no sentido da simplificação e da exigência. Só será possível avaliar com rigor o trabalho dos professores quando se avaliar com igual rigor e ao mesmo tempo o trabalho dos alunos. Dizer e tentar o contrário é continuar na senda da burocracia e da mentira.

Luís Filipe Torgal:
[...] porque será que o Despacho aqui analisado concentra as responsabilidades nos professores e não exige obrigações e prevê penalizações a todos os encarregados de educação que se demitem de educar e acompanhar de facto o percurso escolar das suas crianças? É que parece que os nossos pedagogos diplomados e políticos do ME se esqueceram que a escola instrui e quando muito complementa a educação que começa em casa no seio da família. Como podem os professores [...] exigir e obter dos seus alunos na escola comportamentos e atitudes que demasiadas vezes se situam nos antípodas daquilo que essas crianças (des)aprendem todos os dias no seu lar, rua e bairro? [...]

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