foto: Bruno Espadana

24 janeiro 2007

#  Combater a abstenção

Em artigo de opinião publicado no Diário Económico, Tiago Mendes expõe 7 boas razões para votar Sim. Destaco as três primeiras:
1. Marques Mendes diz que o aborto é uma questão de consciência — todavia, vota não. Como é que se pode concordar com a manutenção de uma lei que pune uma mulher que aborte, com uma pena de até 3 anos de prisão, defendendo ao mesmo tempo ser o aborto uma questão de consciência?

2. Quem acha que o Estado não tem nada que ver com este assunto só pode, em coerência, votar sim, porque só uma alteração da actual lei permite atingir isso. [...]

3. O mesmo se aplica aos que “embirram” com o referendo e tencionam abster-se, por não reconhecerem autoridade ao Estado neste assunto. [...]

Estes três argumentos deixam bem claro um problema: o principal combate de todos nós que somos pela descriminalização do aborto deve ser o combate à abstenção, pois ela penaliza mais o campo do Sim do que o do Não. Os dias imediatamente seguintes ao Referendo de 1998 mostraram exactamente isso: sondagens ou inquéritos mais ou menos informais revelaram que muitos eleitores (particularmente homens) não foram votar porque «isso [o aborto] é com as mulheres». O nosso esforço deve centrar-se em mostrar a essas pessoas que, se pensam assim, devem votar Sim, pois é esse o caminho para que a lei diga isso mesmo — que o aborto, a decisão de o fazer ou não, «é com a mulher».

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