# A boçal manada
Um post n’ A Origem das Espécies chamou-me a atenção para a notícia sobre um estudo de Rui Bebiano e Elísio Estanque, no âmbito do colóquio internacional “Movimento Estudantil: dilemas e perspectivas”. Sobre a praxe, um inquérito aos alunos de uma das mais importantes universidades portuguesas resultou em números vergonhosamente reveladores:
Numa outra universidade nacional, o Código de Praxe (da responsabilidade do Conselho de Veteranos — leia-se, boçal manada dos mais comprovados ignorantes e calões) é também revelador: em vez de um instrumento de regulação — de refreio, mesmo! — da praxe, temos um documento pleno de inanidades, com que os “senhores doutores” acharam por bem divertir-se um pouco mais à custa dos caloiros. Só para terem uma ideia, o Capítulo VI («Dos Julgamentos») consagra que «A maior ofensa que um Caloiro pode cometer é ser Caloiro», e o Capítulo XIV («Graves Ofendus») coloca no topo do seu rol de ofensas à Praxe o facto de se «Ser Caloiro». E se está previsto, de facto, um estatuto de Objector à Praxe (cheio de desvantagens e proibições* — é quase um ghetto — para afugentar potenciais interessados), o processo de “obtenção” desse estatuto (que está dependente de «deferimento do pedido») é ele próprio uma praxe feita de requisitos documentais e etapas burocráticas: obrigações impostas a quem, exactamente por ser objector à praxe, não reconhece ao Conselho de Veteranos qualquer autoridade seja no que for...
* Há uns anos, uma versão anterior do Código em causa previa que os Objectores estivessem proibidos, não só de participar na Latada e no Cortejo Académico, como, imagine-se, sequer de assistir a estes eventos (que, como se sabe, se desenrolam na via pública). Na versão actual esta proibição foi retirada.
Adenda (25/05): Elísio Estanque diz no Público de hoje que não é legítima a interpretação dos dados do inquérito (que ainda decorre), tal como ela apareceu no JN de ontem.
Por exemplo, não é verdade que 32,3% tenha manifestado concordância com «violência física ou simbólica»; simplesmente não assinalaram a frase «[a praxe académica] deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica» como uma das que descreve a sua opinião sobre o assunto.
Genericamente, Elísio Estanque considera que os resultados «apontam, até, para a existência de algum distanciamento crítico dos estudantes em relação à praxe».
- 32,3% concorda com a prática de actos de «violência física ou simbólica»;
- 28% acham que praxe deve ser obrigatória e não deve respeitar quem não quiser aderir;
- mais de 80% dizem-se favoráveis à discriminação sexual, recusando qualquer revisão do código da praxe que dê igualdade de direitos a homens e mulheres;
- só 3% dos alunos defendem que a praxe «deve ser completamente abolida, pois é uma violência».
Numa outra universidade nacional, o Código de Praxe (da responsabilidade do Conselho de Veteranos — leia-se, boçal manada dos mais comprovados ignorantes e calões) é também revelador: em vez de um instrumento de regulação — de refreio, mesmo! — da praxe, temos um documento pleno de inanidades, com que os “senhores doutores” acharam por bem divertir-se um pouco mais à custa dos caloiros. Só para terem uma ideia, o Capítulo VI («Dos Julgamentos») consagra que «A maior ofensa que um Caloiro pode cometer é ser Caloiro», e o Capítulo XIV («Graves Ofendus») coloca no topo do seu rol de ofensas à Praxe o facto de se «Ser Caloiro». E se está previsto, de facto, um estatuto de Objector à Praxe (cheio de desvantagens e proibições* — é quase um ghetto — para afugentar potenciais interessados), o processo de “obtenção” desse estatuto (que está dependente de «deferimento do pedido») é ele próprio uma praxe feita de requisitos documentais e etapas burocráticas: obrigações impostas a quem, exactamente por ser objector à praxe, não reconhece ao Conselho de Veteranos qualquer autoridade seja no que for...
* Há uns anos, uma versão anterior do Código em causa previa que os Objectores estivessem proibidos, não só de participar na Latada e no Cortejo Académico, como, imagine-se, sequer de assistir a estes eventos (que, como se sabe, se desenrolam na via pública). Na versão actual esta proibição foi retirada.
Adenda (25/05): Elísio Estanque diz no Público de hoje que não é legítima a interpretação dos dados do inquérito (que ainda decorre), tal como ela apareceu no JN de ontem.
Por exemplo, não é verdade que 32,3% tenha manifestado concordância com «violência física ou simbólica»; simplesmente não assinalaram a frase «[a praxe académica] deve repudiar qualquer forma de violência física ou simbólica» como uma das que descreve a sua opinião sobre o assunto.
Genericamente, Elísio Estanque considera que os resultados «apontam, até, para a existência de algum distanciamento crítico dos estudantes em relação à praxe».
Etiquetas: Blogosfera, Educação
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