# Paridade vs. Meritocracia?
Manuel Carvalho escreve hoje num editorial sobre o projecto de lei da paridade nas listas eleitorais:
Concordaria com as palavras do director-adjunto do Público se a redacção fosse: «o perigo de insinuações de troca da qualidade pela quantidade» — porque, se há coisa de que não corremos risco em política, é de ver a qualidade a ser trocada pela quantidade; quanto muito, poderemos assistir à troca de uma quantidade por outra quantidade (mas isso, mais do que um “perigo”, será uma lufada de ar fresco: ao menos que mudem as moscas).
De facto, se há critério que pouco conta para a elaboração das listas eleitorais é o mérito; pelo menos o mérito-mérito, o mérito mesmo — não o mérito-amiguismo, o mérito-compadrio, o mérito-uma-mão-lava-a-outra, o mérito-jogo-de-cintura, o mérito-marketing, que destas estirpes de “mérito” temos realmente muitos espécimes em política, particularmente na autárquica.
Por isso, é errado (perverso, optimista ou desinformado, conforme os casos) afirmar que a introdução de quotas mínimas para cada sexo (eufemismo de para as mulheres) irá desvirtuar a democracia, forçando-nos a preterir a pessoa certa pela pessoa do sexo certo. As quotas apenas obrigam os políticos a olhar para os 51,84% que habitualmente descuram. Os tempos mais recentes provam que, quando a selecção é feita de forma isenta e com base no mérito objectivamente demonstrado (como seja o caso do ingresso no Ensino Superior), as mulheres não só conquistam o seu lugar, como efectivamente ganham um peso superior ao meramente demográfico. Quando isso não acontece, é ou porque elas não estão interessadas no lugar (como seja o caso dos cursos de Engenharia, se bem que cada vez menos), ou, mais habitualmente, porque não existe uma “selecção natural” (chamemos-lhe assim), mas sim uma “nomeação” com base em critérios muito subjectivos de “mérito”. Significa que Darwin foi vencido pelos Filhos de Adão.
Muda a forma, mas, para as mulheres, a substância pouco se altera. Vale mais arriscar mudar do que deixar tudo na mesma, mas o projecto do PS oferece um enorme perigo para as mulheres que, em tese, pretende defender: o perigo de trocar a qualidade pela quantidade.
Concordaria com as palavras do director-adjunto do Público se a redacção fosse: «o perigo de insinuações de troca da qualidade pela quantidade» — porque, se há coisa de que não corremos risco em política, é de ver a qualidade a ser trocada pela quantidade; quanto muito, poderemos assistir à troca de uma quantidade por outra quantidade (mas isso, mais do que um “perigo”, será uma lufada de ar fresco: ao menos que mudem as moscas).
De facto, se há critério que pouco conta para a elaboração das listas eleitorais é o mérito; pelo menos o mérito-mérito, o mérito mesmo — não o mérito-amiguismo, o mérito-compadrio, o mérito-uma-mão-lava-a-outra, o mérito-jogo-de-cintura, o mérito-marketing, que destas estirpes de “mérito” temos realmente muitos espécimes em política, particularmente na autárquica.
Por isso, é errado (perverso, optimista ou desinformado, conforme os casos) afirmar que a introdução de quotas mínimas para cada sexo (eufemismo de para as mulheres) irá desvirtuar a democracia, forçando-nos a preterir a pessoa certa pela pessoa do sexo certo. As quotas apenas obrigam os políticos a olhar para os 51,84% que habitualmente descuram. Os tempos mais recentes provam que, quando a selecção é feita de forma isenta e com base no mérito objectivamente demonstrado (como seja o caso do ingresso no Ensino Superior), as mulheres não só conquistam o seu lugar, como efectivamente ganham um peso superior ao meramente demográfico. Quando isso não acontece, é ou porque elas não estão interessadas no lugar (como seja o caso dos cursos de Engenharia, se bem que cada vez menos), ou, mais habitualmente, porque não existe uma “selecção natural” (chamemos-lhe assim), mas sim uma “nomeação” com base em critérios muito subjectivos de “mérito”. Significa que Darwin foi vencido pelos Filhos de Adão.
Etiquetas: Feminismo, Machismo, Política nacional
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