# As Guerras da Auto-Estrada Transmontana
A adjudicação do prolongamento da A4 até Vila Real (primeira fase da chamada Auto-Estrada Transmontana) deu azo a longa discussão na caixa de comentários do Público online. Temos de tudo, desde moradores de Caparica que acham que uma auto-estrada em Trás-os-Montes é um desperdício porque «a maioria [dos transmontanos] nem carro tem» (sic!) a denunciadores de tudo quanto seja negócio chorudo, passando por toda a sorte de deserdados do mundo e instigadores de conflitos inter-regionais (Norte/Sul, Interior/Litoral, Lisboa/Paisagem, Celtas/Mouros…).
Uma das questões que muitos referem é a do retorno do investimento. Neste capítulo, há muita gente a fazer contabilidade de merceeiro. Segundo eles, a obra só se justificaria se num tempo útil o valor das portagens retornasse o dinheiro gasto na sua construção, o que obviamente não vai acontecer (citando um dos comentadores, «a 35 milhões por km, e a 10 cêntimos de portagem por km, terão que passar lá 350 milhões de utentes para a pagar…»).
Ora, esta ideia é um erro. Uma obra como esta justifica-se se, pela existência da auto-estrada, a economia da região sair reforçada (mais emprego, mais impostos, maior rendimento per capita…), se as populações se fixarem na região em vez de saírem do país ou irem para Lisboa aumentar os problemas sociais, o desequilíbrio populacional e o congestionamento no IC19 e na Ponte 25 de Abril... Se isto acontecer, não só a região sai beneficiada, mas todo o país sai beneficiado, pois um país com menos desequilíbrios regionais é um melhor país, mais rico, com mais qualidade de vida e onde, por isso, é bom viver.
Agora, uma questão bem diferente é saber se uma auto-estrada tem todos esses efeitos positivos numa região. Pessoalmente, acho que não. A esmagadora maioria dos supostos benefícios das “acessibilidades” são uma miragem: não são, certamente, condição sine qua non para o desenvolvimento (veja-se o caso da Irlanda), muito menos são uma sua condição suficiente (veja-se, infelizmente, o nosso caso como país...). Mas isto é verdade tanto para Trás-os-Montes como para o Porto, Lisboa ou a Caparica...
Uma das questões que muitos referem é a do retorno do investimento. Neste capítulo, há muita gente a fazer contabilidade de merceeiro. Segundo eles, a obra só se justificaria se num tempo útil o valor das portagens retornasse o dinheiro gasto na sua construção, o que obviamente não vai acontecer (citando um dos comentadores, «a 35 milhões por km, e a 10 cêntimos de portagem por km, terão que passar lá 350 milhões de utentes para a pagar…»).
Ora, esta ideia é um erro. Uma obra como esta justifica-se se, pela existência da auto-estrada, a economia da região sair reforçada (mais emprego, mais impostos, maior rendimento per capita…), se as populações se fixarem na região em vez de saírem do país ou irem para Lisboa aumentar os problemas sociais, o desequilíbrio populacional e o congestionamento no IC19 e na Ponte 25 de Abril... Se isto acontecer, não só a região sai beneficiada, mas todo o país sai beneficiado, pois um país com menos desequilíbrios regionais é um melhor país, mais rico, com mais qualidade de vida e onde, por isso, é bom viver.
Agora, uma questão bem diferente é saber se uma auto-estrada tem todos esses efeitos positivos numa região. Pessoalmente, acho que não. A esmagadora maioria dos supostos benefícios das “acessibilidades” são uma miragem: não são, certamente, condição sine qua non para o desenvolvimento (veja-se o caso da Irlanda), muito menos são uma sua condição suficiente (veja-se, infelizmente, o nosso caso como país...). Mas isto é verdade tanto para Trás-os-Montes como para o Porto, Lisboa ou a Caparica...
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