# Pouco “new age”, poucas dúvidas
Voltando ao “World Values Survey”, a que me referi num post há umas semanas, os dados para Portugal (1990 e 1999) contrariam impressões pessoais e mesmo ideias feitas bastante divulgadas. Vejamos os gráficos:
A impressão pessoal que não se confirma é a de um aumento da percepção de Deus, não como uma “pessoa” (O Criador, Deus-Pai, Deus castigador), mas como um espírito ou uma força vital. («Deus é energia!» disseram-me em tempos — não me conseguindo depois explicar por que razão essa “energia” era contra o aborto ou a homossexualidade, conforme o meu interlocutor defendia...)
Em Portugal as perspectivas “new age” da divindade são não só minoritárias, como crescentemente minoritárias: em menos de uma década os seus adeptos baixaram de 18,5% para 13,9% do total, muito à custa das mulheres (caíram de 16,3% para 9,9%); os homens, que já eram mais aderentes a esta ideia, registaram perdas muito menores (de 21,0% para 19,3%).
Uma ideia feita — muito em voga entre os membros da hierarquia da Igreja Católica, os sociólogos-vox populi e os jornalistas — é a de que esta é uma época de incertezas (o que traz a angústia). Pelo menos em relação à divindade, tal ideia não se confirma, bem pelo contrário: em 1999 apenas 3,1% dos inquiridos afirmavam não saber qual a verdadeira natureza de Deus; nove anos antes os portugueses em dúvida eram 12,3% (quase o quádruplo). Há, por isso, cada vez mais certezas. A diminuição da dúvida foi particularmente acentuada nos indivíduos do sexo masculinos (de 14,8% para apenas 2,7%), mas foi também significativa entre o sexo feminino (de 10,0% para 3,4%).
Em ambos os casos, registaram-se ganhos enormes na crença num Deus pessoal: nas mulheres reforçou-se ainda mais uma maioria já expressiva (de 70,0% para 86,1%); quanto aos homens, se em 1990 havia apenas uma maioria marginal de crentes num Deus pessoal (52,3%), em 1999 esta era já esmagadora: 73,9%.
Estes e outros dados mostram que, ao contrário do que se diz (particularmente pela boca alarmada da hierarquia católica), não há um aumento da descrença. Bem pelo contrário: em Portugal, pelo menos entre 1990 e 1999, o ateísmo, já de si minoritário, caía vertiginosamente e a credulidade “à católica” estava de boa saúde e em franco crescimento. De que forma isso se traduzia nos comportamentos diários, já é outra questão.
A impressão pessoal que não se confirma é a de um aumento da percepção de Deus, não como uma “pessoa” (O Criador, Deus-Pai, Deus castigador), mas como um espírito ou uma força vital. («Deus é energia!» disseram-me em tempos — não me conseguindo depois explicar por que razão essa “energia” era contra o aborto ou a homossexualidade, conforme o meu interlocutor defendia...)
Em Portugal as perspectivas “new age” da divindade são não só minoritárias, como crescentemente minoritárias: em menos de uma década os seus adeptos baixaram de 18,5% para 13,9% do total, muito à custa das mulheres (caíram de 16,3% para 9,9%); os homens, que já eram mais aderentes a esta ideia, registaram perdas muito menores (de 21,0% para 19,3%).
Uma ideia feita — muito em voga entre os membros da hierarquia da Igreja Católica, os sociólogos-vox populi e os jornalistas — é a de que esta é uma época de incertezas (o que traz a angústia). Pelo menos em relação à divindade, tal ideia não se confirma, bem pelo contrário: em 1999 apenas 3,1% dos inquiridos afirmavam não saber qual a verdadeira natureza de Deus; nove anos antes os portugueses em dúvida eram 12,3% (quase o quádruplo). Há, por isso, cada vez mais certezas. A diminuição da dúvida foi particularmente acentuada nos indivíduos do sexo masculinos (de 14,8% para apenas 2,7%), mas foi também significativa entre o sexo feminino (de 10,0% para 3,4%).
Em ambos os casos, registaram-se ganhos enormes na crença num Deus pessoal: nas mulheres reforçou-se ainda mais uma maioria já expressiva (de 70,0% para 86,1%); quanto aos homens, se em 1990 havia apenas uma maioria marginal de crentes num Deus pessoal (52,3%), em 1999 esta era já esmagadora: 73,9%.
Estes e outros dados mostram que, ao contrário do que se diz (particularmente pela boca alarmada da hierarquia católica), não há um aumento da descrença. Bem pelo contrário: em Portugal, pelo menos entre 1990 e 1999, o ateísmo, já de si minoritário, caía vertiginosamente e a credulidade “à católica” estava de boa saúde e em franco crescimento. De que forma isso se traduzia nos comportamentos diários, já é outra questão.
Etiquetas: Astrologia e afins, País, Religião
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