foto: Bruno Espadana

15 fevereiro 2009

#  Dona-de-casa verdadeiramente desesperada

cartazHá experiências impagáveis e irrepetíveis, ou, pelo menos, que apenas uma feliz e rara convergência de circunstâncias permite que ocorram. Por exemplo, ver Revolutionary Road na noite do Dia dos Namorados.

Revolutionary Road promete ser verdadeiro «Valentine material»: protagonizado (certamente não por acaso) por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, o par romântico de Titanic, o filme de de Sam Mendes arrebanhou certamente mais casais às salas de cinema do que os que conseguiu Noé conduzir à sua Arca... Abraçadinhos no escuro, cada par «segundo a sua espécie», novos e velhos aguardavam os suspiros que afinassem o tom para o perfeito fim de noite de S. Valentim.

Mas, como diriam os nossos amigos anglo-saxónicos, «You got another thing coming...»

Não demorou muito para que as atitudes mudassem. Entre a paixão, o romantismo inconsequente e a realidade da vida a dois; entre a violência verbal, psicológica e (quase) física; entre a loucura e o conformismo social; entre o desencanto, a infidelidade e o desinteresse de um casal mais naufragado do que o outro; entre o verniz da pacata moralidade suburbana (no sentido americano do termo) da década de 1950 e a corrosão que avança sob a superfície — entre tudo isto, havia muito por onde escolher para que as atitudes mudassem.
Na sala, o desconforto era quase geral: a respiração fazia-se a custo, ora sustendo-a, ora expirando sonoramente; os corpos amiúde se remexiam nas cadeiras, incapazes de encontrar uma posição cómoda; e, cereja em cima do bolo, a dez minutos do fim, o desabafo de uma miúda de pouco mais de vinte anos (se tanto) ao ouvido do namorado: «Este filme é um bocado esquisito...»

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05 fevereiro 2009

#  Qual Green Card, qual quê! (24)

A New Yorker iniciou em 2005 um concurso de legendagem de cartoons: em cada número um dos cartoonistas da revista cria uma imagem (geralmente absurda) sem qualquer texto, devendo os leitores fornecer a legenda apropriada. As três melhores legendas são postas à votação e o vencedor é premiado com uma gravura do cartoon, devidamente assinada pelo artista, onde consta a sua legenda.
O senão de tudo isto é que se tem de ser residente nos EUA para poder concorrer. Não conformado com isso, apresento aqui a minha sugestão para o cartoon n.º 178:


(c) Tom Cheney / The New Yorker
«Yes, I have some experience behind bars.»

Desenho de Tom Cheney /The New Yorker

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